terça-feira, 29 de março de 2011

Antigo Regime - séculos XVI-XVIII

Chama-se Antigo Regime ao período da História que vai do século XVI até finais do século XVIII.




Imagem de Luís XIV


Características políticas


Absolutismo real


O monarca, como representante de Deus na terra, exerce todos os poderes sobre os seus súbditos. É o governo do  L'étac c'est moi", no dizer de Luís XIV e do rei português D.João V (1706-1750 ). Com D.José I (1750-1777) e o seu primeiro ministro Marquês de Pombal, aplicaram-se as ideias iluministas e exerceu-se o despotismo iluminado, considerando-se que a razão iluminava o monarca que, com os poderes concentrados, governava no sentido do progresso dos seus súbditos. Para isso reorganizou a administração pública e aumentou o dirigismo da coroa.    

Características sociais


A sociedade do Antigo Regime era uma sociedade de ordens estratificada e hierarquizada, dividida em clero, nobreza e povo. O nascimento definia a ordem a que se pertencia e dentro desta lugar que ocupava. O clero (1º estado) dedicava-se à religião ao ensino e à assistência. A nobreza (2º estado ) à administração pública e às actividades militares. A nobreza pode ser de sangue/espada ou de toga (ou seja um individuo oriundo da burguesia que através do seus serviços prestados ao rei, subiam no seu estatuto social). O povo (3º estado) às actividades produtivas. A ele pertencem os agricultores, os mesteirais  (homens dos ofícios) e os burgueses que se dedicam ao comércio e às finanças. Os direitos e deveres acentuavam as diferenças entre o clero e a nobreza, possuidores de privilégios (isenção de impostos, tribunal próprio), e o povo que, pelo contrário, estava cheio de obrigações.
Com o despotismo iluminado, a nobreza e o clero foram submetidos à autoridade régia e transferidos os privilégios para burguesia mercantil que ascendeu socialmente.  




Sans Culote: É uma palavra de origem francesa que quer dizer artesãos.

Características económicas
Uma economia agrícola que utilizava processos rudimentares havendo uma produção escassa e irregular, apesar de ocupar a maior percentagem de mão-de-obra. Cultivam-se essencialmente cereais e vinho. O sector comercial obedeceu a várias fases tendo-se desenvolvido inicialmente uma rota atlântica a que foi dado o nome de comércio triangular por ligar Lisboa à costa africana e ao Brasil. Tecidos, vinho, manufacturados eram trocados por escravos negros que por sua vez eram negociados por açúcar, tabaco, algodão e metais preciosos. No terceiro quartel do século XVII houve uma grave crise económica, no nosso país, provocada pela despesas da guerra da restauração e da corte e com a chegada dos produtos das Antilhas, vendidos nos mercados europeus a preços competitivos. Para solucionar, o Conde da Ericeira, ministro de D.Pedro II, implementa o mercantilismo, tal como o ministro francês Colbert.



Obedecendo ao princípio de que a riqueza de um estado reside na acumulação de metais preciosos através de uma balança comercial favorável (maior exportação, menor importação), desenvolveu uma politica proteccionista e incrementou o sector industrial. Ao mesmo tempo que impunha as pragmáticas ( lei que proíbe a compra de produtos de luxo, e tem como objectivo diminuir o número de importações). Protegia  as indústrias manufactureiras existentes e criava novas no Fundão, Portalegre e Covilhã. Chamou técnicos especializados e regulamentou a qualidade dos produtos. Através da criação das companhias comerciais e do regime exclusivo colonial incentivou a exportação dos produtos nacionais.



O estado económico português alterou-se com a descoberta do ouro do Brasil, pois  D.João V, devido a esse facto abandona a política mercantilista uma vez que Portugal já tem meios para pagar todas a importações que visa a realizar.
E também alterou.se devido a celebração do Tratado de Methuen em 1703. Este tratado foi realizado entre Portugal e Inglaterra, e determina que Portugal tem que aceitar os panos e outros manufacturas de lã de Inglaterra, enquanto a Inglaterra tem de aceitar os vinhos de Portugal, especialmente os vinhos da região do Douro.
Esse tratado trouxe aspectos positivos para a economia portuguesa, tais como:
Aumento das exportações de vinho do Porto (região do Douro).
Desenvolvimento da agricultura vinícola.
Desenvolvimento da agricultura da região do Douro.
Surgimento de caves de origem inglesa, nas margens do rio Douro junto ao Porto.
Desenvolve-se uma comunidade inglesa no Porto, que traz uma nova mentalidade nos negócios e acabar por agitar o comércio portuense.

Porém também traz alguns negativos:
Ruína das manufacturas criadas pelo conde de Ericeira.
Abandono da política mercantilista.
Crescimento das nossas importações, levando a uma balança deficitária (as importações têxteis eram maiores que as importações de vinho).
90%  do ouro chegado de Portugal foi gasto nos pagamentos dos produtos ingleses.
Cresceu a dependência da nossa economia em relação a Inglaterra.


O Marques de Pombal retomou a política mercantilista do Conde de Ericeira fomentando o desenvolvimento da indústria e das companhias comercias monopolistas.




A Arte e mentalidade barrocas


Contrastando com as linhas clássicas do Renascimento, a arte barroca surgiu como forma de a Igreja Católica se impor na Europa dividida.
Era necessário mostrar riqueza, poder e misticismo. Apela-se ao excessivo e exuberante através de edifícios com forte decoração ornamental. Utilizam-se revestimentos a talha dourada, azulejo ou pinturas (frescos) nas paredes e tectos. Ambientes faustosos, riqueza no vestuário e decoração transformam uma simples festa ou procissão num espectáculo de grande encenação. A abundância de ouro vindo do Brasil permitiu uma adopção deste estilo no nosso país de que são exemplo o Convento de Mafra,a Torre dos Clérigos e o Palácio de Mateus, entre outros.



Perante a destruição da baixa lisboeta pelo terramoto de 1755, o Marques de Pombal adoptou uma reconstrução planificada, funcional e dos menores custos, respeitando os princípios urbanistas do Iluminismo

Esperamos que gostem da nossa crónica....
    

11 comentários: